REPRESENTAÇÃO ESCRITA DA LINGUAGEM: OS PROBLEMAS COGNITIVOS INCLUSOS EM SUA CONSTRUÇÃO

25/05/2015 11:50

ATENEU INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA

 

REPRESENTAÇÃO ESCRITA DA LINGUAGEM: OS PROBLEMAS

COGNITIVOS INCLUSOS EM SUA CONSTRUÇÃO

 

 

SEBASTIÃO ANTÔNIO GONÇALVES¹

 

 

 

¹Aluno do Curso de Pós-graduação/Ateneu Instituto de Educação e Pesquisa / Rua

Misael Barcelos – Vila do Sul/Alegre-ES, Email: eletronservice@hotmail.com

 

 

RESUMO - O artigo científico a ser apresentado demonstra os problemas cognitivos inclusos na construção da escrita da linguagem em que relata a escrita e leitura como objetos culturais de conhecimento onde ocorre a interação da criança com o seu meio procurando compreender a passagem de um estado de conhecimento menor para um de conhecimento maior em que a aprendizagem tem início bem antes da criança entrar no ensino fundamental, entretanto, os estudos sobre letramento não se restringem somente aos alfabetizados, buscam investigar também as conseqüências da ausência da escrita a nível individual, mas sempre remetendo ao social mais amplo, procurando entre outras coisas, ver quais características da estrutura social têm relação com os fatos postos.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, Letramento, Linguagem, Conhecimento.

 

ÁREA DO CONHECIMENTO: Ciências Humanas (Educação).

 

 

INTRODUÇÃO

Primeiramente, é imprescindível retomar o conceito de alfabetização, levando-se em conta que essa conceituação tem sido pontuada por diferentes estudos, privilegiando, alguns casos, a abordagem mecânica do processo de aquisição da língua escrita, fundamentada na racionalidade técnica. Os aspectos destacados (métodos e técnicas) permitem caracterizar a alfabetização como um processo histórico social de múltiplas dimensões, exigindo análises e enfoques numa ampla perspectiva.

Leda, em sua obra (1995). Procura explicitar concepções de alfabetização e de letramento. Segundo a autora, os estudos sobre letramento procuram examina não somente as pessoas que adquiriram a tecnologia do ler e escrever, portanto alfabetizadas, como também aquelas que não adquiriram essa tecnologia, sendo ela consederadas analfabetas. (Tfouni, 1995).

Segundo Emilia Ferreiro, a alfabetização é considerada como a representação de um sistema e deve-se levar em conta não apenas os resultados da alfabetização, mas sim o processo dessa construção, pois na aprendizagem inicial as práticas utilizadas são, quase sempre, baseadas na união de silabas simples, memorização de sons, decifração e copia. Tais maneiras fazem com que a criança se torne um espectador passivo ou receptor mecânico, pois não participa do processo de construção do conhecimento.

Em sua análise, Emilia Ferreiro, vê a alfabetização mais do lado da escrita, embora considere a leitura parte inseparável desse processo, pois a compreensão da estrutura no sistema de escrita, a criança deve realizar atividades de interpretação e produção (KATO, 2000).

 De fato, as produções espontâneas da criança devem ser aceitas como escrita, socialmente, podem não ser consideradas corretas, na verdade, é conveniente que o professor faça sua consideração das escritas do ponto de vista construtivo, na representação da evolução de cada criança. É necessário que haja uma reestruturação no ambiente interno da escola em relação à alfabetização e às formas de alfabetização.

Desta forma, o objetivo do presente artigo é demonstrar os problemas cognitivos inclusos na construção da escrita da linguagem de forma a compreender a passagem de um estado de conhecimento menor para um de conhecimento maior.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização deste artigo foi pesquisa exploratória, através de levantamento bibliográfico. Assim, o referencial teórico foi organizado a partir de análises de conteúdos relevantes para o estudo. O tratamento dos dados da pesquisa bibliográfica foi avaliado à luz dos teóricos que trabalham os conceitos utilizados.

RESULTADOS

      A escrita e leitura como objetos culturais do conhecimento, são adquiridos por um processo de autoconstrução, no confronto e interação da criança com seu meio, conforme sugere as pesquisas de Emilia Ferreiro. Os estudos que contemplam a dimensão do letramento surgem no âmbito acadêmico na tentativa, por parte de alguns estudiosos, de separar os estudos sobre alfabetização dos estudos que examinam os impactos sociais dos usos da escrita (KLEIMAN, 1995).

Devemos entender que a criança inicializa essa passagem através da identificação de um determinado domínio, que pode ser descrito por meios de níveis continuados de conhecimentos e compreensão. Para compreender o desenvolvimento da leitura e escrita é preciso sondar previamente que tipo de apropriação do objeto do saber a criança vivencia, pois se sabe que existe uma série de modos de representação que antecedem à representação alfabética da linguagem.

O desenvolvimento da leitura e escrita provoca o despertamento da atenção pela grande importância que desempenha em todo o processo educativo. A verdadeira evolução da escrita dependerá dos estímulos e oportunidades que lhe serão oferecidos no decorrer do seu aprendizado. Esse processo deve ser instigante e prazeroso, conduzindo a criança a ser estimulada e intentada a querer descobrir os significados dos escritos e a produzir seu próprio ambiente.

 

DISCUSSÃO

 

Segundo alguns autores a função da escola, na área de linguagem, é introduzir a criança no mundo da escrita, tornando–a um cidadão funcionalmente letrado, acreditando ainda que a chamada norma – padrão, ou lígua falada culta é consequência do letramento.

Segundo Maga Soares (1998), uma palavra nova em nosso vocabulário aparece, pela primeira vez, no trabalho de Mary Kato (1986).

 

 
 

O autor afirma que a aprendizagem é um processo global e indivisível. Em sua descrição, vários aspectos podem ser isolados para um exame mais aprofundado, dentre eles, a motivação, os fatores socias, dentre outros. ''... a função da escola, na área de linguagem, é introduzir a criança no mundo da escrita...'' (p.7)

 

 

 

 

 

 

Já a pesquisa de Leda Verdiani, enfoca que apesar de estarem ligados entre si, escrita, alfabetização e letramento sempre têm sido enfocado em conjunto. Para a autora existem duas maneiras de entender-se alfabetização, ela se dá como um processo de aquisição individual de habilidades requeridas para a leitura e escrita. 

A natureza da linguagem escrita como objeto de estudo, bem como à leitura e a produção de texto da linguagem escrita como atividades cognitivas e os caminhos que o aprendiz irá utilizar no ato de ler e escrever. No processo de aprendizagem e compreensão, são aspectos metodológicos de fundamental importância no processo de letramento e alfabetização.

Apesar dos avanços significativos dos estudos sobre o processo de alfabetização, observa-se, em alguns casos, que a prática da escola parece distanciada da funcionalidade da escrita no contexto da sociedade, limitando-se aos usos mecânicos e descontextualizados, corrobarando esse pensamento Vigostky afirma:

 

 
 

Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escola, em relação ao papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da criança. Ensina-se as crianças a desenhar letras e a construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que acaba-se obscurecendo a linguagem como tal (1998, p.139).

 

Já o letramento, focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita, é uma ferramenta neutra que pode ser aplicada de forma homogênea, com resultados igualmente homogêneo em todos os contextos sociais e culturais, com o objetivo de investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é. (GOODY, 1986; HAVELOCK, 1982; ONG, 1982).

     Os estudos sobre letramento não se restringem somente aos alfabetizados, buscam investigar também as conseqüências da ausência da escrita a nível individual, mas sempre remetendo ao social mais amplo, procurando entre outras coisas, ver quais características da estrutura social têm relação com os fatos postos.

Gradativamente, os estudos sobre o fenômeno letramento que até voltavam as suas atenções para os efeitos do letramento em uma dimensão universal, passaram a contemplar unidades isoladas, preocupando-se em descrever as condições de usos da escrita naqueles contextos com a finalidade de compreender como eram e quais eram os efeitos da prática de letramento nas comunidades minoritárias, que começavam a integrar a escrita como uma tecnologia de comunicação dos grupos que sustentavam o poder (KLEIMAN, 1995).

CONCLUSÃO

Neste estudo foi possível compreender que a alfabetização é algo que influencia diretamente na qualidade e vida dos seres humanos e que reflete como problema em alguns países. Além de estar ligada diretamente ao desenvolvimento dos mesmos.

Letramento é o resultado da ação de um ensino para aprender a ler e escrever. É um estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da leitura. Este estado tornou-se necessário porque só recentemente passou-se a enfrentar uma nova realidade social em que não basta apenas saber ler escrever, é preciso também saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente, daí o surgimento do termo letramento como já foi dito anteriormente, em detrimento do termo alfabetismo.

Criar laços entre aluno e educador, é um desafio ainda presente em muitas escolas. O papel do educador é de extrema importância para a vida acadêmica de seus alunos, influenciando diretamente no aprendizado e as práticas pedagógicas e administrativas dos profissionais da escola precisam ser orientadas para estratégias participativas, como forma de garantir uma educação formal contínua e de qualidade aos alunos.

REFERÊNCIAS

FERREIRO, E. Alfabetização em Processo. São Paulo: Ed. Cortez, 1996.

GOODY. J. The domestication of the savage mind. Cambridge: Cambridge University, 1977. 123 p.